Um vestido improvisado para uma madrinha improvisada
- haryane santos
- 8 de set. de 2023
- 3 min de leitura

Se você pretende acompanhar o que eu escrevo aqui, prepare-se para ler muita coisa sobre roupas feitas em cima da hora ou de forma bastante improvisada. Não sei se deveria, mas me orgulho bastante disso.
Eu ainda morava no Pará e tinha feito o meu primeiro vestido de noiva, estava radiante por ter conseguido executar esse desafio.
A noiva, uma amiga muito querida, me confiou a tarefa de fazer o vestido para o casamento, mesmo sabendo que, naquela época, eu ainda era uma aprendiz de costureira, sem professor (aprendi a costurar sozinha). Me dediquei ao desafio e consegui um resultado que colocou um sorriso no rosto da noiva (um dia conto melhor essa história e apresento o vestido aqui).
Bom, fui pontual na entrega do vestido da noiva, mas atrasada com o que eu havia escolhido para usar no casamento: o meu vestido ainda estava só no campo das ideias... Eu sabia o que queria, porém ainda não tinha começado a executar.
Eu tinha um problema muito importante para superar: o tecido que eu queria era da minha mãe. Você lembra do texto sobre a blusa de seda indiana que escrevi? Então, o tecido que eu queria era “irmão” do tecido usado para fazer aquela blusa. Eu até imaginei que minha mãe ia me matar se eu tocasse naquele pano, mas, para minha surpresa, eu estava errada. Ainda não acredito que minha mãe me deu aquela peça.
Na verdade, depois do fiasco da blusa, eu não desisti e continuei costurando, mas dessa vez usava tecidos baratinhos que trazia da loja onde trabalhava, e com isso fui evoluindo. Talvez essa evolução tenha ajudado minha mãe a se decidir. Mas a minha evolução na costura não me ajudou a deixar a procrastinação de lado — e esse sim foi um problema real.
Os dias foram passando e eu estava a uma viagem de distância do casamento com apenas 30% do vestido costurado, mas jurando que conseguiria costurar à mão (pelo amor de Deus, que ideia!) no ônibus a caminho da cidade. Não lembro quanto tempo de viagem até Primavera, no interior do Pará, mas pasmem: eu costurei. Não vou te dar muitos detalhes dos problemas que um vestido costurado à mão em poucas horas, nas poltronas pouco confortáveis de um ônibus de viagem, pode ter, mas posso garantir que ficou ótimo nas fotos e, de certa distância, ninguém diria que o vestido foi feito literalmente “nas coxas”.
Mas a melhor parte você ainda não sabe: com um vestido costurado à mão e de improviso, eu estava a poucos metros de me tornar parte importante daquele casamento. A madrinha do noivo não conseguiu chegar a tempo e fui convocada para a missão que, de bom grado e honradíssima, aceitei!
Acho que o que mais gosto nessa história são as surpresas envolvidas: o primeiro vestido de noiva; um vestido costurado à mão; um tecido que até hoje não acredito que tive permissão para usar; e a honra de ser madrinha naquele casamento.
Tudo isso porque resolvi ter a costura como estilo de vida e não me deixei abater pelas derrotas e fracassos nesse processo. Continuo fracassando às vezes, estou numa nova saga, aprendendo a sobreviver ao processo em outras áreas, e olhar para trás, ver o quanto conquistei por ter me mantido firme apesar das dificuldades, me faz começar e continuar novos projetos.
Espero que tenham gostado dessa aventura. Eu, particularmente, amo essa história e o vestido que, infelizmente, não faço ideia de onde foi parar.
Ah, mais uma coisa: o cabelo curto da foto, desconsiderem. Isso nunca mais vai acontecer!
Beijos,
Haryane Santos
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